domingo, 30 de dezembro de 2012

Aqui é o melhor lugar do mundo, é onde eu posso me esconder quando tudo lá fora me prende e sufoca. É o meu quase paraíso, e sei que qualquer hora Alice vai me encontrar por aqui. Nem a música, nem as folhas, nem o sol nem a dança me preenche e conforta tanto assim. Essa tela branca, as letras e as infinitas palavras soltas num mar rosa clarinho me permite sentir viva. Aqui, e só aqui, é que consigo fugir de um mundo que me perturba e me nega. 
Hoje foi um dia terrível, sem paz sem pais sem amor e sem vírgula de tão atropelado e mal feito que foi. Mas já no fim da tarde, quando o meu corpo esmigalhou e finalmente entendeu que não havia escapatória, eu sabia que algo iria me acolher. As palavras são minhas melhores amigas, mas não são todas, são aquelas que tomam conta do meu dedo e se eternizam aqui. Essas sim me acompanham e sabem o que passa dentro de um corpo quente quando ouve um não, quando não é correspondido, quando se sente sozinho ou lotado demais. A ponta dos meus dedos de alguma forma tomam vida e sintetizam, às vezes de forma simplória, o turbilhão sentimental que vive aqui dentro. Como fizeram agora...

sábado, 22 de dezembro de 2012

As comemorações silenciosas e discretas são tao sinceras. Ontem de manha, falei baixinho, como se pudesse sussurrar no meu próprio ouvido: '' Eu consegui''. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

É só pensar na saudade que meu peito logo estoura. Te quero em casa, agora e com presa. Sem dor nem desculpas, hoje eu sou sua por completa. Mas se você não vem eu viro água salgada, me desfaço no chão, triste triste. E isso acontece e repete, fico fina e vazia. Quem me enche? virei água...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

" Podias ter-me dito que ias sair da minha vida. A paixão é mesmo isto, nunca sabemos quando acaba ou se transforma em amor, e eu sabia que a tua paixão não iria resistir à erosão do tempo, ao frio dos dias, ao vazio da cama, ao silêncio da distância. Há um tempo para acreditar, um tempo para viver e um tempo para desistir, e nós tivemos muita sorte porque vivemos todos esses tempos no modo certo. Podias ter-me dito que querias conjugar o verbo desistir. Demorei muito tempo a aceitar que, às vezes, desistir é o mesmo que vencer, sem travar batalhas. Antigamente pensava que não, que quem desiste perde sempre, que a subtração é a arma mais covarde dos amantes, e o silêncio a forma mais injusta de deixar fenecer os sonhos. Mas a vida ensinou-me o contrário. Hoje sei que desistir é apenas um caminho possível, às vezes o único que os homens conhecem. Contigo aprendi que o amor é uma força misteriosa e divina. Sei que também aprendeste muito comigo, mais do que imaginas e do que agora consegues alcançar. Só o tempo te vai dar tudo o que de mim guardaste, esse tempo que é uma caixa que se abre ao contrário: de um lado estás tu, e do outro estou eu, a ver-te sem te poder tocar, a abraçar-te todas as noites antes de adormeceres e a cada manhã ao acordares. Não sei quando te voltarei a ver ou a ter notícias tuas, mas sabes uma coisa? Já não me importo, porque guardei-te no meu coração antes de partires. Numa noite perfeita entre tantas outras, liguei o meu coração ao teu com um fio invisível e troquei uma parte da tua alma com a minha, enquanto dormias."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

As coisas vão se perdendo num mundo paralelo o qual eu queria ter alcance. Os cheiros, os gosto, as vontades... tudo se perde, inclusive eu de você. Sem faísca no toque, sem pressa pro beijo, e esse já tão seco sobra tanto nos meu lábios. Insistimos. O café já não me parece tão bom, e, até mesmo suas melhores especiarias hoje me amargam a boca. Não falamos há tempos a mesma língua, e aos gestos tortos e olhares confusos, vamos levando na mão um coração quase sem vida.
Minha garganta dói, gritei o seu nome a madrugada inteira mas você não veio. As borboletas já cansaram de esperar a hora de bater nas paredes do meu estomago. Moles, sem vida e sem surpresas elas caem triste num rio que dói menos que nós dois.
Fui toda sua, hoje talvez nem metade. É que tudo aquilo que você era dentro de mim se evaporou e evapora aos poucos a cada falta de jeito, de toque, de encontro...
Brigo com meu corpo desajeitado e tento me convencer que a culpa não é minha, só dessa vez.