domingo, 28 de outubro de 2012

Nunca existiu.


Triste fim. É preciso ser muito forte para dizer não, para dizer : - Chega; é preciso ser forte para se amar. Amá-lo foi fácil, aliás uma das coisas mais simples e grandes que eu já fiz. Não há remorsos. Tímido e  lentamente o coração vai se esvaziando, e aquilo que um dia foi amor vai embora. Não tenho pressa. Quero que alguma parte dele fique comigo, mas sei bem que tudo isso vai se perder num vazio enorme, e que acordarei assustada e  chorando no meio de uma noite quente, sem ao menos lembrar o seu nome.
A ausência ocupou espaço demais em nossas vidas. Apesar da grande tentativa de preenchimento acabamos por ficar ocos. E no fim, o que me serve de abrigo são as longas noites silenciosas de agosto; úmidas e frias E afundada nessa cama, penso em nós como algo lúcido. Quero dizer, tentamos enquanto pudíamos, e enfim jogamos a toalha. Mas isso esta longe de ser uma derrota, mesmo que o coração demore a entender.
Já tentei mudar alguns hábitos, e o cheiro da casa vazia não me tormenta tanto como antes. Evito olhar para objetos que ninguém sabe direito a quem pertence, talvez pertença a algo que jamais existira novamente. E andando por essa casa, entre um ou outo momento de melancolia, tento  me concentrar no quanto fomos bons um ao outro apesar de tudo, e como no meio de tanta turbulência conseguimos descobrir algo especial.
Não como mais, não há vontade para isso, minha fome agora é outra. Queria dormir um sono que curasse tudo, que acalmasse meu coração. Não é fácil. Em noites como essas penso em como deve bater seu coração, me pergunto se ainda dói, ou se um dia doeu. Me pergunto se na euforia da nossa inocência ele realmente acreditou que existíamos, se acreditou que eramos feitos para amar. Eu acreditei.



“No íntimo, sabe muito bem que este seria o único comportamento razoável, mas a dor não quer escutar a razão, ela tem a sua própria razão, que não é razoável.”