quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A pagão

Já era tarde e não havia mais luz no bairro nem em Gabriela. Andar por entre as ruas de São Paulo no frio da madrugada não era seguro, mas ela aquela noite ignorou tudo, inclusive sua própria existência.
Temia estar entrando em mais uma de suas crises, crises que se alternavam de compulsões a dores insuportavelmente reais. Questionava-se. Elaborou uma serie de perguntas as quais não sabia a resposta. Gabriela entrara em crise novamente.
Não se lembra como entrou em casa, muito menos como foi parar na cozinha segurando mais um copo gelado. O líquido descia quente por sua garganta e às 5 da madrugada Gabriela entrara em choque.
"Copo gelado, líquido quente. Copo gelado, mundo quente. Corpo gelado, mundo quente." e balbasiando essa frase deitou-se no chão da cozinha, não havia mais vida. Gabriela agora era apenas um copo gelado num chão quente.

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