quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Eu te divirto, mas eu te canso"

Cansada de começar e terminar relações, cansada de tantas doações desnecessárias e acho que todo ser humano já se sentiu alguma vez assim, cansado.Me pergunto para onde foram as coisas naturais e os sorrisos espontâneos, tudo que me resta me lembra a dureza.Já não me sinto bem nesse lugar, ninguém tem o que eu preciso,como se o que eu pedisse fosse muito.
Eu canso todo mundo...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Paraíso perdido é ali


Todas as ondas de Angra dos Reis me habitaram, cada movimento do mar tirou dor por dor do meu corpo desajeitado. Pouco importava as mazelas do mundo e das pessoas, lá no paraíso perdido minha alma lavou-se infinitas vezes.Na água gelada daquela cachoeira eu deixei meu lado mais sombrio,o lado mais sujo e pedi para mãe natureza purificar tudo que fosse meu.Purificou. As noites me chamavam pra um céu cheio de luz, sem estrelas só almas felizes brilhavam naquele breu, e meu corpo suplicava por só mais uma dança.Senti o frio das madrugadas no paraíso, mas não era um frio que cortava era frio que acolhia, tinha um peito quente para me servir de abrigo e as noites passaram-se arrastadas até o nascer do sol...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Estou com uma vontade incontrolável de afundar meus dedos nos seus cabelos,aqueles rentes a nuca. Quero consertar a gola da da sua camisa antes de você sair de casa, quero tê-lo em casa.Ajudá-lo a tomar o café forte demais, o chá ruim demais ou aquela torrada que nunca ficava dura demais.Traga-me de volta nossa última canção, sua sensibilidade tamanha e todos seus gestos cautelosos.Não quero fazer  um desses textos  melancólicos, mas tudo que trago nele se resume a saudade.

E há de se acreditar que me deu um click de consciência? desses que me dão sempre, e que interrompem qualquer pensamento no meio. Aconteceu que enfeitamos tanto nossas vidas naquela época que fica difícil separar peça por peça. Por isso, quando me falta algo tento preencher com histórias do passado,aquela nossa vida e todos nosso sonhos, daí, me vem a mente que nada mais cabe aqui.
Triste, triste, poderíamos ter passado sem passar esse caminhão por nós, mas passou.... e nada que ficou foi verdade,nem um simples café muito menos minha saudade.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano - que é o mais grave de todos no reino animal -, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário do martírio em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu.
Porque aquele que mais experimenta o martírio é dele que se poderá dizer: este, sim, este viveu."

(Clarice Lispector in: Morte de uma baleia - Clarice na cabeceira - crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2010)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meu afastamento é justificativa da repulsa, para não doer e não machucar eu vou embora. É que tenho muito,e me doou muito, mas se não recebo ou recebo demais, meu estômago embrulha e eu tenho que ir embora.Todas essas trocas de energia tem que ser na medida certa, se não, eu me canso, ou então canso as pessoas. O problema é que não acho o encaixe nunca, e sempre me enjoo e aborreço com tudo.O tempo passa e ressalta cada vez mais os defeitos e horrores dos outros e não consigo olhar pra minha própria tragédia.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Não pode ser só saudade

Como eu sinto tão presente uma coisa que não está mais aqui? Isso só existe dentro de mim, e dói e dói.Sentir sua ausência me mata, é tê-lo por perto e não tê-lo pra mim, toda sua ausência é tão presente por aqui.
Como é estranho e difícil sentir que algo está se perdendo, a gente nunca sabe se é pra sempre.
Essas lembranças não me deixam, e as recordações tendem a ficar cada vez mais embaçadas que eu mal consigo me lembrar do seu cheiro de manhãzinha, e isso dói. Perder não é a mesma coisa que esquecer. Perder é pior, é ver uma vida que também era minha, escorregar entre os dedos pra nunca mais voltar.
Penso em você, penso em você lendo essas frases chorosas e confusas e pensando em tantas coisas chorosas e confusas ao meu respeito.Tenho medo.Nosso gostar era tão mutuo, mas tão cheio de solavancos, lombadas,buracos e quedas que deixou tudo o que sentíamos muito ralo, ou raro.Não acho sinônimos.
Caminhos certos ou errados, penso que nos encontramos e isso é o que me importa de verdade. Me dói ter tanto amor guardado, e saber que há tanto amor guardo aí também, mas que as relações e todas essas trocas são confusas e desgastantes.Quero pensar em você, assim, como penso agora, mas sem essa dor no peito, esse quase arrependimento de não ter tentando, de não ter respondido...
E de noite, enquanto espero sua ligação antes tão regulares e pontuais, ouço uma voz descompassada,fora do ritmo e fora de mim dizendo pausadamente :" E se tentássemos,e se..."

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

“Somei livros aos livros e a soma só deu certa porque os sonhos também sabem matemática. Tornei-me adulto à força de querer continuar menino, nos corredores e pátios de luz e penumbra que se cruzam por dentro do som das palavras. Viajei com elas até ao limite da lembrança da infância e levei comigo, que a solidão poucas vezes é boa conselheira, a lealdade e a sabedoria do vento.”

José Jorge Letria in: “Fábula do Vento ou O Sentimento Mágico da Vida”.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Penso que é tão fácil me conhecer, é só ler o que escrevo, é só ler meus olhos quando falo.Mas penso também que estou mudando muito, e mentir é uma saída para não compactuar com tudo isso.Quero que fique em mim a parte que mais gosto, mas ela vai embora toda vez que há uma tempestade.Então eu minto e finjo que ela ainda existe em algum lugar só meu, nem que seja um lugar escondidinho, lá na última repartição do peito.Mas não existe.
Me pergunto se isso tudo faz parte do que essas rugas e esse amontoado de anos chamam de amadurecimento, pra mim essa palavra melancólica poderia ser substituída por embrutecimento e só.Se tudo que vejo de flores,estrelas e sonhos é por não amadurecer, se tudo o que não passa pelo filtro da cabeça e tudo que eu vejo de especial nos outros é por falta de experiências.Se tudo o que eu tenho de mais sincero não me serve pra nada....
Mas a a gente não escolhe, aos poucos os girasóis na janela do quarto são substituídos por flores de plástico num arranjo de sala.As estrelas nem vejo mais, esse céu é sempre tão escuro. E os sonhos... ah! o sonhos, que aos pouco vão dando lugar a responsabilidade e sapatos de marca...
Penso que não estou ficando triste e maluca, estou envelhecendo.Amadurecendo.
" - Não há para onde ir, não há. Somos fracos, querido amigo... Eu era um indiferente, raciocinava com vivacidade e sensatez, mas bastou a vida tocar-me com a sua brutalidade para desanimar...para esta prostração...Somos fracos, não prestamos... O senhor também, querido amigo, o senhor também. É inteligente, nobre, bebeu as melhores intenções no leite materno, mas mal entrou na vida cansou-se e adoeceu... Fracos, fracos!"

Contos de Tchékhov, volume 2 - editora Relógio D'água

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Dormi umas três horas e acordei ouvindo Quereres, de Caetano. Repeti, várias vezes, cada vez mais alto. Ah, bruta flor do querer. Discutia tanto com Ana Cristina César, antes que ela acolhesse a morte (acertadamente? Me pergunto até hoje, nunca sei responder): nossa necessidade fresca & neurótica de elaborar sofrimentos e rejeições e amarguras e pequenos melodramas cotidianos para depois sentar Atormentado & Solitário para escrever Belos Textos Literários."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Delírios


Fiquei triste o dia todo,percebi que não sou nada além de um muro cheio de buracos. Buracos feios,fundos e que necessitam ser preenchidos.
Saio a caça de preenchimentos todos os dias, vezes acho,vezes não.Pra piorar,tudo me dói.Nessa chuva minhas partes quase completas se desfazem, volto pro reboco.
Chorei hoje, ontem e provavelmente chorarei amanha. Mas tenho me sentindo muito mais limpa, sinto que agora posso ver a cor das paredes de minha alma, não que isso faça alguma diferença nessa tempestade.
Queria saber se os patos também são tristes ,só sei que assim como eu tentam inutilmente fazer tudo e nada fazem certo.Claro que são tristes, choram todos os dias, são infelizes no fundo daquelas lagoas paradas e patéticas.Só lágrimas de quem fracassa todos os dias para manter as águas sempre cheias.

Queria me afundar nessas águas, sou tijolo peso muito,afundo fácil.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


Já era tarde ,o calor e o som da televisão não me deixavam dormir.Escutei seu nome, olhei para TV e não quis acreditar - Era o seu carro.Paralisei por alguns minutos, vi sua foto passar, a moça com voz de trinca dizia algo sobre jovem demais e pista escorregadia.Tudo em mim ficou branco, não sentia meu corpo ,e da minha boca saia espuma.Pensei que fosse um sonho, bati violentamente a mão no meu rosto e não senti absolutamente nada, o interno pulsava cada vez mais rápido.
Não, não acreditei, confirmei minha teoria de ser o ser humano mais insignificante do mundo. E sentada naquela cama quente,que um dia já foi sua, eu me afoguei.
Seu rosto sorrindo misturava-se com sua imagem fria deitada no asfalto,ambos paralisados.Não havia dores para sentir, só a sua.
Há alguns dias, senti algo perdendo-se ,pensei em te ligar só pra dizer que estava tudo bem, mas já era tarde da noite, agora é tarde demais.
Cai num abismo, não há mais remorsos nem nada a ser feito. Tiraram meus braços e arrancaram meus olhos, tornei-me uma ameba inexpressivel.Não conseguia me sentir, e também não conseguia te sentir, tudo em mim acabará naquele exato momento.
Não, não é verdade que um filme passa em nossa mente quando a vida acaba, o que passou na minha mente foi um trator, algo muito pesado que me deixou entorpecida por dias.
Passei horas pensando na nossa viagem que deu errado, no dia da rodoviária, das flores, das brigas, de muitas brigas e da falta que me fizeram nesse tempo de afastamento. E o ódio do meu adiamento de aproximação, por orgulho,por nada...
- Agora era tarde. Essa frase rondava minha cabeça, e tudo no quarto gritava - "Ele foi embora,Carol,foi embora...".O sol veio me cobrir e desesperadamente tentava fechar os olhos de mar. Não conseguia.
Quis tonar uma bebida, entrar em coma e acordar daquele pesadelo.Pensei em ir embora, pensei em me jogar de frente de qualquer carro. Pensei em gritar pra qualquer um minhas dores ou acabar com aquilo tudo com uma corda no pescoço. Não fiz nada. A música do Zeca tocava na minha alma,e aquilo tudo não fazia sentido algum.
A cidade acordava, mas só eu sabia seu nome.Pessoas sorriam, mas só eu senti suas dores, a vida continuou mas eu estava com você naquele carro.Trituraram tudo, o afasto,o fusca,você e eu. Não havia vida em nós, mas queria ir ao seu encontro e tocar seus lábios pela última vez.
Quem iria te buscar naquela noite quente? porque a morte é tão metódica? E as súplicas,e os choros,e as vozes, de nada bastaram para permanecer um só dia a mais ao seu lado.
E se eu soubéssemos disso tudo? abraçaria seu corpo magro por uma última vez, e nada mais me importaria. Esquecerias tudo. Não haveria mais motivo para mágoa,rancor ou ofensa. Não nos deram essa chance.
Agora, alguns dias se passaram, mas a dor não ameniza.Penso sempre em você e nos seus olhinhos castanhos se fechando para você sorrir.Quando sorria...
Você ainda mora em mim, não há como tirá-lo.Me vens toda noite em sonhos dizer que está tudo bem,e que não precisarei mais ficar preocupada. Mas não consigo te responder, eu só queria estar com você de novo.Mesmo que esse novo doa. Mas eu sei, e você também sabe que é tarde demais

sábado, 5 de novembro de 2011

"[...]sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, nunca nos escrevemos. não havia mesmo o que dizer. ou havia? ah, como não sei responder
as minhas próprias perguntas! é possível que, no fundo, sempre restem algumas
coisas para serem ditas. é possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar,a investigar — e principalmente a fingir. fingir que encontra."

C.F 
Esses olhos fundos e castanhos me chamam, tenho medo mas vou.Teus pelos pretos e ralos rentes aos meus, aos poucos locauteia-me ao seu peito.Tudo aqui é quente,sua mão inquieta só repousa sobre a minha e assim,timidamente nos confortamos.Não há profundidade,fito seus olhos perco-me no seu sorriso e sei cada traço do seu rosto,porém me abstenho dos seus segredos e tortuosidades.Mas a verdade é que tenho medo da sua escuridão,tudo agora parece-me limpo e claro que tenho receio de me perder nesse seu caos interno.

domingo, 30 de outubro de 2011

Sou apenas uma gota a mais no imenso mar de matéria, definida, com a capacidade de perceber minha existência. Entre os milhões, ao nascer eu também era tudo, potencialmente. Eu também fui cerceada, bloqueada, deformada por meu ambiente, pela manifestação da hereditariedade. Eu também arranjarei um conjunto de crenças, de padrões pelos quais viverei, e no entanto a própria satisfação de encontrá-los será manchada pelo fato de que terei atingido o ápice em matéria de vida superficial, bidimensional – um conjunto de valores.
Meus Deus, a vida é solidão, apesar de todos os opiáceos, apesar do falso brilho das “festas” alegres sem propósito algum, apesar dos falsos semblantes sorridentes que todos ostentamos. E quando você finalmente encontra uma pessoa com quem sente poder abrir a alma, para chocada com as palavras pronunciadas – são tão ásperas, tão feias, tão desprovidas de significado e tão débeis, por terem ficado presas no pequeno quarto escuro dentro da gente durante tanto tempo. Sim, há alegria, realização e companheirismo – mas a solidão da alma, em sua autoconsciência medonha, é horrível e predominante.

 Sylvia Plath

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Se minhas palavras já não são expressão mais clara de mim, o que me resta?
Agora tudo o que penso, passa por um filtro gigantesco o qual não deixa mais nada escapar, e esse nada se acumula em mim.Tenho que vomitar.Nas primeiras tentativas me saem as incertezas, depois as inseguranças e por fim todos os medos.Voltam segundos depois, arranhando cada vez mais minha garganta.Sinto-me fraca e pesada, ninguém me aguenta no colo. E quando me deprimo sinto que tenho um enchaixe perfeito para um colo. Não acho.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Não tem sol,mas tem soninho

Já não vem as palavras tão pouco poema, numa rede quentinha é que eu queria deitar
Eu corro apressada e rápido me encolho
Mas hoje é segunda não tem estrelas,cantiga ou música de mimar
No meu quarto escuro eu quase a ouço
É pra menina da flor que eu queria cantar

Já é tarde demais e a cama a chama
Esquento o gelo para que a noite a acolha
Sinto que da sua mão serei obrigada a soltar
Mas se tudo isso valeu um sonho seu
É o princípio de adeus que eu venho lhe dar

Nem carro,nem amor na rua
Realmente, é hora de apagar.



Para Hanita, breguinha mas é de coração.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Esse sol e esse céu andam tão diferentes, você não acha? Mas olho em volta e você continua o mesmo.Parado no mesmo lugar o qual te abandonaram, penso que se continuarmos assim ficaremos parados juntos.
Olhe de novo para o céu,coração, você não acha que essas nuvens estão estranhamente engraçadas hoje?Ou será que é esse seu perfume me entorpecendo?
Queria que dessa vez fosse diferente, e que não fosse preciso esse enorme discurso e esse enorme esforço.Coração, você ainda me escuta?é que tudo isso tinha que ser natural, talvez a gente esteja fazendo algo de errado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

dor e aconchego

Rebecca Dautremer

Paredes sujas e um par de pés descalço,é a imagem que não saí da minha memória.
Perdi-me no imaginário da febre alta.Procuro imediatamente um ponto o qual eu consiga me apoiar, mas esse chão e essas paredes são feitas de pó.
Só me resta admirar esse teto, sem estrelas e sem nuvens, é apenas uma camada de concreto que a qualquer hora pode desmoronar. Tenho tanto medo que isso também caia, tenho tanto medo que isso doa.Mas as janelas pernamecem fixas.
O anseio de me apoiar a beirada e seguir os pedidos de ir pro chão é grande, se eu continuar olhando para baixo é só uma questão de tempo para o meu corpo ir também.
Não escuto mais nada.Hoje, fazem 5 dias que não ouço ninguém. Quem parou de falar? quem deixou de ouvir? talvez não caiba a mim entender.
A única coisa que eu conheço bem,é minha cama funda. Lá, eu jogo todos os traumas e dores, é a única coisa que tem me acolhido.É o único ser que me abraça sem depositar esperança alguma sobre mim. É o único ser que sabe quantas vezes eu já me degradei, mas isso não faz diferença alguma.
Aquela janela tem me chamado há dias,evito olhá-la. Talvez, se algo não me prendesse os pés com tanta força nessa cama, nossa relação seria melhor.Ela, traiçoeira diz-me que quer me mostrar paisagens, mas quando vejo não há nada. Há pessoas mortas por dentro andando bonitas na rua, vejo animais perdidos dentro de si e carros e mais carros num chão cor de breu. Mas é que daqui desse andar o chão cor de breu me parece tão calmo e silencioso, é como se me acolhesse como ninguém.Ele me chama.Quero tanto ir ao seu encontro.


Texto inspirado num trecho escrito por Cláudia Soares "Tinha muito medo de altura, mas, pela primeira vez, aquele medo parecia não importar.Continuava olhando pela janela do quinto andar com um único pensamento:"O que aconteceria depois que eu pulasse?""

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



"(...)E eis que com dezesseis anos e oito meses apenas, pressenti que viriam outros equívocos: enraizar o amor que de repente não é mais amor, é luxúria, lúxuria que de repente não é mais luxúria, é farsa. Farsa que é medo, simplesmente medo da solidão mais difícil de suportar do que o peso do corpo alheio a se abater sobre o meu."

O meu amor não comeve ninguém

O que sinto entre a divisão da carne e osso, deveria ser universal.Se o que sinto hoje não for amor, pouco importa,denominarei assim até sentir que algo estremeceu minha alma com mais vigorozidade.
Engraçado falar sobre amor, quando descobrir finalmente o que é amar? se pra mim o amor vem no gesto delicado de minha mãe, no sorriso gratuito daquela criança, na palpitação que sinto ao ouvir a voz daquele rapaz. Mas como eu poderia afirmar que isso é amor?Eu nunca vou saber do amor do outro, da tristeza do outro eu nunca vou saber nada sobre o outro.
Ah! e não seria egoísmo demais denominar isso como amor e excluir todas outras possibilidades?que nome melhor eu daria para essa sensação que me sobe o corpo quando meu rapaz toca minha mão,ou então quando em um fim de semana ensolarado descanso levemente na poltrona do apartamento e de longe vejo meu cachorro me observar.
Pensei, o amor então seria a junção de todos os sentimentos.E os outros sentimentos seriam todos derivações dele.Pensei também que, se o amor é um sentimento tão puro e bonito, porque o meu não comove ninguém? Voltei a o ponto egoísta do meu ser.




Texto escrito há muito tempo.Engraço ler, e lembrar de como estava me sentindo no dia.

Agonia

Estou sem rumo há dias,e ando insistentemente tentando encontrar algo que se encaixe em mim. Ao entrar em casa e sentir os dedos cosando, prometi baixinho a mim mesma " esse não será mais um texto sobre ele".
Tudo anda confuso, preciso de atenções. Preciso que alguém generoso cuide de todas minhas feridas. E se esse alguém não aparecer? O medo de estar sozinha e ter que se curar por força própria me atormenta. Quem me pegará no colo?
E essa confusão, esse tufão em minha vida deve-se toda a trocas desnecessárias.Estou com tanta dificuldade de me expressar, será que me roubaram tudo?
Se faço todas essas perguntas é por que acredito que no fundo, alguém me chamará num canto e contará todas essas respostas e me colocará para dormir logo após.
Ah, e se todo esse texto pudesse ser resumido em alguma palavra seria: Carência. E como é difícil um ser humano orgulhoso como eu admitir isso. Ah, como quero e preciso de todos os abraços e carinhos do mundo,até sufocar.
Como é difícil chegar a esse estágio de sentir falta, de precisar da alma de alguém...como é difícil esse processo de abstinência. Só aprendo assim, doutrina do sofrimento.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Acho muito cansativo ser responsável por tudo, então eu desisto de tentar te fazer humano.
"Eu te amo – disse ela com ódio ao homem, cujo crime impunível que cometera era o de não querê-la".C.L


O sofrimento daquela garota me comoveu, fez-me pensar que mais que tudo, o amor deveria ser sempre recíproco.Não é.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

as nossas dores são sempre maiores


O meu definitivo adeus se deu quando eu menos esperava, todas as dores sentidas antes pareceram para mim como cócegas,e hoje,finalmente hoje, eu senti o que era estar verdadeiramente só.
Estou extremamente cansado de carregar esse peso, algo que me afunda cada vez mais.Estou exausto demais para chorar novamente a mesma dor,e mesmo tendendo pro lado chuvoso,eu continuo.
Não,não é fácil. Fácil seria sentar no meio da sala numa tarde de quarta-feira e chorar até escurecer. Fácil seria deitar na cama e por lá ficar por 3 dias,ou mais.Mas não é nada fácil continuar, andar em linha reta e tentar ser racional.Tropeço freqüentemente nos meus próprios pedaços caídos ao chão,recolho um por um e continuo.
Certo, novamente fiquei sozinho e esse sempre foi o pior pesadelo. Sozinho num ônibus me remete liberdade e solidão. Paisagens passam ao redor e o instinto é dividir.Porque quando fico só eu transbordo todo meu cotidiano,preso em mim mesmo.
O seu adeus, o nosso adeus, doe-me tanto porque fez-se solitário. Adeus de rodoviária, adeus com presa. Abandono indeciso, mas com a certeza que seria o final.

"Justo a mim, coube ser eu!" (Mafalda)